domingo, 26 de dezembro de 2010

>>> con$umo >>>

Natalixo
O nosso lixo natalino continua em algum lugar de nossa cidade

Festas de fim de ano. Ceias + presentes + embalagens = lixo. A rotina diária de jogar o lixo "fora" ganha mais importância nesses dias. O cidadão educado tem o cuidado de não jogá-lo nas calçadas ou nas ruas, mas sim de separá-lo para a coleta municipal. Mas quem disse que o nosso lixo é jogado "fora"? Ele continua no município, mas longe de nossa visão.

Na maioria dos municípios brasileiros, ainda funciona o chamado "lixão", um local onde são despejados todos os resíduos coletados, orgânicos ou não. Multiplique o seu lixo pela quantidade de habitantes de sua cidade; imagine, ainda, os restos de restaurantes e comércio; agora pense num terreno que receba tudo isso, e na contaminação de solo, água, ar e doenças.

Outra boa parte dos municípios dispõe de aterro controlado e uma minoria, de aterro sanitário. Isso significa que o lixo é coberto e o líquido que escorre dele é tratado, dentre outras providências paliativas. Apenas paliativas, porque o solo continuará sendo usado e demandando cada vez mais espaço para depositar as sobras humanas.

Nossos restos continuam no município, ocupando espaço, propagando doenças e podendo contaminar o que bebemos e comemos. É como o ícone "lixeira", do computador: não adianta jogar um vírus para lá, pois ele continuará infectando o cpu. O melhor é evitar. Mas o Natal já passou e a primeira parte do estrago já está feita - o consumo -, então é hora de tratar o lixo em nossas casas.

Embalagens diversas podem ser reutilizadas. Garrafas pet e potes de sorvete podem virar vasos. Restos orgânicos viram adubo grátis - basta colocá-los, cobertos por terra e folhas secas, num balde de lixo ou algo parecido. Em casa ou no apartamento.

E, se faltar ânimo para "perder" alguns segundos jogando o lixo em casa, que tal perder alguns minutos visitando o lixão de sua cidade?

Texto: Rogério Alvarenga
Foto: Michelly Renne, aterro de Poços de Caldas (MG)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

>>> Natal >>>

Então é Natal

Belquior, ou simplesmente Bel, gosta do Natal. É o único dia do ano em que ganha presentes, come bem e recebe atenção dos pais. Bel ainda não tem idade para entender por que isso não acontece nos outros dias, quando o pai chega bêbado e bate na mãe. Quando a mãe, nervosa, bate em Bel. Presentes ao longo do ano, nem pensar. Um prato de comida já é um privilégio.

Baltazar celebra o Natal com fartura e abundância. Muito peru, chester, doces, gordura, prazer. Melhor sobrar do que faltar. A taxa de colesterol é alta; o açúcar, de pré-diabético. Até tenta evitar que as sobras virem lixo, mas após três ou quatro dias, resta aos seres humanos à parte da sociedade disputarem os restos na lixeira da rua.

Gaspar tem muitos amigos e parentes. Ao longo do ano, não os encontra, nem sabe o que estão fazendo da vida. Não gosta de alguns deles - até fala mal. "Sabe o fulano? Ele não presta!" Nas vésperas do Natal, entretanto, gasta o décimo terceiro e as poucas horas de folga para enfrentar filas e presentear amigos e parentes - inclusive aqueles que "não prestam". A multiplicação do pão dá espaço à praga das embalagens.

Maria respeita a celebração religiosa do Natal, mas não consegue vê-la por trás de tantos presentes, ceias e esforçados trabalhadores barbados falando "hohoho" ao som de "Então é Natal". Não se sente obrigada a comprar presentes, perus, nem a levar seu filho pra sentar no colo de algum desconhecido. Por isso, Maria economiza tempo e dinheiro durante o Natal, para compartilhá-los ao longo do ano com quem precisa. E com sinceridade.

Então... é Natal!

Qual é o seu?

Texto: Rogério Alvarenga

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

>>> acessibilidade >>>

Uma cartilha para todos
Informativo chama atenção para o direito das pessoas com deficiência

"Eu sempre fui discriminada na escola, inclusive pelas pessoas que eu achava que eram minhas amigas, mas isso só serviu para me fortalecer. Aprendi a gostar de mim do jeito que eu sou e aceitar a minha deficiência." Esse depoimento, de uma aluna de pós-graduação da Universidade Federal de São João del-Rei (UFSJ), está presente na cartilha Da Necessidade Especial ao Direito, e reflete as barreiras que as pessoas com deficiência encontram ao longo da vida. Oito mil exemplares já foram distribuídos na UFSJ, e a partir do início de 2011 mais dois mil chegarão também a escolas, indústrias, comércio, hotéis e restaurantes. O material pode ser acessado pelo site www.ufsj.edu.br/incluir.

Muitos transtornos poderiam ser evitados se os direitos básicos fossem conhecidos pelos cidadãos, afirma a coordenadora do Programa, Maria Nivalda de Carvalho Freitas. Através da cartilha, pretende-se chamar a atenção para o direito que as pessoas com deficiência (física, auditiva, visual, intelectual ou múltipla) têm à autonomia, à independência, a fazer suas escolhas, estudar, trabalhar e compartilhar lazer e relações afetivas. O material aborda seis temas: políticas públicas; educação; trabalho; acessibilidade urbana e arquitetônica; informação e comunicação; lazer e turismo.

As adaptações para atender às pessoas com deficiência devem estar presentes no trabalho e no ambiente urbano - o que inclui espaços de lazer e transporte público. Adaptar os ambientes físicos, sinalizar, realizar treinamentos e dar oportunidade de crescimento a todos são algumas das modificações necessárias numa empresa para superar as barreiras físicas, de comunicação e de concepções preconceituosas. A cartilha convida o leitor à reflexão: "quando você é o responsável pelo planejamento de uma nova atividade ou um novo projeto na sua escola, universidade ou trabalho, a acessibilidade é levada em consideração?".

Há experiências que respondem de forma afirmativa. É o caso da cidade de Socorro (SP), adaptada para o ecoturismo e o turismo de aventura para pessoas com deficiência e com mobilidade reduzida. Outros exemplos por todo o mundo, como transporte coletivo 100% adaptado, práticas esportivas e turísticas, acessibilidade em patrimônios tombados, podem ser conferidos no site http://turismoadaptado.wordpress.com.

Texto: Rogério Alvarenga
Clique aqui para visualizar a matéria completa no site da UFSJ

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

>>> bike >>>

Bicicletada na avenida
Dezenas de ciclistas dividem espaço com automóveis nas ruas de Salvador

Mais uma sexta-feira de trabalho e estudos acabando, mais um fim de semana chegando. Hora de pegar o carro e ir para a casa descansar? Não para uma boa parte da população de Salvador, que precisa se espremer em ônibus lotados e enfrentar tráfego intenso, ruídos de trânsito, estresse em alta. A novidade é que, agora, um grupo de trabalhadores, estudantes e simpatizantes do meio de transporte "bicicleta" se reunem para a chamada Bicicletada Salvador, como a que aconteceu no último dia 26.


Os ciclistas, alguns esportistas mas a maioria cidadãos comuns, saíram por volta de 19h do Parque da Cidade, que fica numa das avenidas mais movimentadas no horário de rush de Salvador. No caminho, era possível ver uma faixa com os dizeres "Respeite o ciclista". Pouco depois das 21h, lá estavam eles no Rio Vermelho, o famoso Red River, agradável bairro boêmio, gastronômico, cultural.

A bicicletada acontece na última sexta de cada mês. Para participar, é só levar a bicicleta e a vontade de quebrar a "cultura do carro", estabelecida especialmente nos grandes centros urbanos. A cultura do carro incha o trânsito, prejudica o usuário do transporte coletivo, polui o ar, promove ruídos, estimula o sedentarismo e outros problemas ecológicos.

O movimento acontece ao mesmo tempo em que Salvador discute o projeto Cidade Bicicleta. Hoje, 2 de dezembro, às 18h, ocorre a segunda rodada de discussão, aberta ao público, no Auditório 2 da Faculdade de Arquitetura da Ufba. Para saber mais sobre o projeto, ver matéria publicada no dia 16 de novembro.


Mais informações e fotos sobre a Bicicletada Salvador: http://bicicletadasalvador.blogspot.com.

Texto por Rogério Alvarenga, com informações de Felipe Brust, Bicicletada Salvador e Projeto Cidade Bicicleta.