segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

>>> data.show >>>

A CHEGADA DO "BOM" VELHINHO
Encontramos jogada no lixo essa cartinha. Será que alguém adotou a carta e realizará seu pedido?


Texto e ideia por João Henrique Araujo Virgens
Edição e ideia por Rogério Alvarenga

>>> mini >>>


A BARBÁRIE É HUMANA

Afinal, o que nos diferencia dos outros animais? Talvez a vontade de matar por crueldade, o fetiche pela violência e barbárie. Outra diferença é a paixão e o amor. Pensando no amor como fonte de inspiração e engenho humano, é possível ser otimista. O amor é a possibilidade de distância de si mesmo e da pretensão humana.

Aquilo que une os animais é muito mais valioso do que aquilo que possa separá-los. Ser bicho ou ser homem é só uma questão de perspectiva. Nós, humanos, temos uma tradição secular de nos posicionar num patamar superior ao resto dos animais, inclusive com respaldo religioso. Afinal, fomos moldados à semelhança de Deus!

Qual o quê? No fundo somos vida e, ao fim e ao cabo, também buscamos uma boa tarde, noite ou manhã de sexo, comida e bom sono. Animais, somos animais como todos os outros. E, como diria Drummond, “Que pode uma criatura senão, entre criaturas, amar?”

Sejamos amorosos.

Texto e ideia por Omar Mendes
Foto por Analu Sousa.

>>> ART.i.GO! >>>

ENCHENTE EM FRENTE:
DE QUEM É A CULPA?

São Paulo para e a vida continua. Mas nem todos continuam: pelo menos dez pessoas perderam a vida nos últimos dias. Outras dezenas perderam alguém. Outros milhares, perderam seus bens mais básicos

"A culpa é da chuva", dizem os mais apressadinhos. Mas a Dona Chuva sempre existiu - às vezes mais presente, outras vezes bem ausente, mas sempre existiu. Agora, com as mudanças climáticas, chove mais num lugar e menos noutro. O clima já é um desequilíbrio por natureza e agora se juntou ao ser humano, que geralmente é bem desequilibrado.

"A culpa é dos políticos", dizem os mais cultos. Mas o que os mais cultos têm feito para evitar a favelização dos grandes centros? E, no trânsito, trocaram os seus carros-caos por uma bicicleta ou um par de tênis? Ou estão queimando combustível e pedindo passagem nas sufocantes superlotadas avenidas? Os cultos votariam num político que propusesse a redução das vias do Tietê para deixar o rio e as bicicletas correrem?

"A culpa é dos carros, das indústrias e da urbanização desenfreada", dizem os ecologistas tradicionais. Mas os carros, as indústrias e a urbanização não têm cérebro, não têm consciência nem escolhem seus atos. Carros não andam sozinhos; indústrias não vendem sozinhas; cidades não crescem sozinhas.

Buscar culpados é bom para aumentar a audiência. De detetive e louco, todo mundo tem um pouco. Mas reconhecer responsabilidades e enxergar o futuro é melhor para quem prefere salvar a vida de futuros desabrigados a salvar... a audiência.

Texto e ideia por Rogério Alvarenga
Foto por Levi Oliveira
Edição de foto por Rogério Alvarenga

>>> agenda >>>

ATO 1º
Paullo Phirmo lança seu livro e propõe modificar a si mesmo e aoS mundoS

por Rogério Alvarenga

Do sítio à conurbação, do eu à multidão, o escritor Paullo Phirmo percorre as contradições da nossa espécie, da nossa sociedade. Não é uma defesa do meio ambiente nem uma ode ao ecologicamente correto. É, tão somente, um conjunto de percepções relatadas em forma de poesia. Mas dá gosto ler que uma de suas percepções fala em "abrir mão/ de hábitos/ gostos/ gastos". Que os membros do COP-15 percebam seus mundos dessa forma.

O susto pode tomar conta do leitor ao se deparar com a dedicatória da poesia "Verde": "aos meus amados irmãos não-humanos, privados de escolha. Que esse horror acabe". Seguindo as páginas do Ato 1º, o animal no prato vira "um amigo desossado", e o zoológico, "sofrimento/ sobrevida/ animal".

O personagem continua sua saga em busca de compreender o comportamento humano - se é que busca isso. Em "Momento Primitivo", mostra a desconfiança que toma conta do ser moderno: "preconceito/ medo/ reação de primeiro momento". Em "Conurbação", percebe onde vive: "cidade/ poluição/ população/ condição". E enxerga o que faz pessoas suportarem essa condição: "sobre o caos/ a mudança/ as instâncias/ o plural/ além do caos/ a tolerância/ as operâncias/ o atual".

Paullo Phirmo lança "Ato 1º" no dia 18 de dezembro, às 19h, na Casa das Rosas, em São Paulo. Se parece difícil, na sociedade atual, conseguir um tempo para a literatura, talvez você precise suar um pouco: "suei a vida toda/ suei de noite/ suei de dia/ suei ao encontrar o meio amor/ suei de prazer".

Um bom programa cultural no mês dos Direitos Humanos e dos Direitos Animais.