DE QUEM É A CULPA?
São Paulo para e a vida continua. Mas nem todos continuam: pelo menos dez pessoas perderam a vida nos últimos dias. Outras dezenas perderam alguém. Outros milhares, perderam seus bens mais básicos
"A culpa é da chuva", dizem os mais apressadinhos. Mas a Dona Chuva sempre existiu - às vezes mais presente, outras vezes bem ausente, mas sempre existiu. Agora, com as mudanças climáticas, chove mais num lugar e menos noutro. O clima já é um desequilíbrio por natureza e agora se juntou ao ser humano, que geralmente é bem desequilibrado.
"A culpa é dos políticos", dizem os mais cultos. Mas o que os mais cultos têm feito para evitar a favelização dos grandes centros? E, no trânsito, trocaram os seus carros-caos por uma bicicleta ou um par de tênis? Ou estão queimando combustível e pedindo passagem nas sufocantes superlotadas avenidas? Os cultos votariam num político que propusesse a redução das vias do Tietê para deixar o rio e as bicicletas correrem?
"A culpa é dos carros, das indústrias e da urbanização desenfreada", dizem os ecologistas tradicionais. Mas os carros, as indústrias e a urbanização não têm cérebro, não têm consciência nem escolhem seus atos. Carros não andam sozinhos; indústrias não vendem sozinhas; cidades não crescem sozinhas.
Buscar culpados é bom para aumentar a audiência. De detetive e louco, todo mundo tem um pouco. Mas reconhecer responsabilidades e enxergar o futuro é melhor para quem prefere salvar a vida de futuros desabrigados a salvar... a audiência.
Texto e ideia por Rogério Alvarenga"A culpa é dos políticos", dizem os mais cultos. Mas o que os mais cultos têm feito para evitar a favelização dos grandes centros? E, no trânsito, trocaram os seus carros-caos por uma bicicleta ou um par de tênis? Ou estão queimando combustível e pedindo passagem nas sufocantes superlotadas avenidas? Os cultos votariam num político que propusesse a redução das vias do Tietê para deixar o rio e as bicicletas correrem?
"A culpa é dos carros, das indústrias e da urbanização desenfreada", dizem os ecologistas tradicionais. Mas os carros, as indústrias e a urbanização não têm cérebro, não têm consciência nem escolhem seus atos. Carros não andam sozinhos; indústrias não vendem sozinhas; cidades não crescem sozinhas.
Buscar culpados é bom para aumentar a audiência. De detetive e louco, todo mundo tem um pouco. Mas reconhecer responsabilidades e enxergar o futuro é melhor para quem prefere salvar a vida de futuros desabrigados a salvar... a audiência.
Foto por Levi Oliveira
Edição de foto por Rogério Alvarenga
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