terça-feira, 15 de março de 2011

Nós amamos a energia nuclear
Nós tememos a energia nuclear

por Rogério Alvarenga

Entre 1986 e os anos 2000, o homem temia a energia nuclear. A lembrança do desastre de Chernobil, há 25 anos, atormentava a mente das pessoas. A força da radiação, centenas de vezes maior que as bombas atômicas da Segunda Guerra, não permite concluir o número de mortos e doentes - afetados até hoje. No Brasil, em 1987, a contaminação por césio 137, usado na radioterapia, provocou pelo menos quatro mortes, mais de cem doentes e milhares expostos à contaminação, em Goiânia.

No novo milênio, o homem vangloriava a energia nuclear. "A energia nuclear é a forma mais limpa e a grande solução para os problemas ambientais." Calma: essa frase não é nossa. É apenas uma ideia que começou a circular na última década, diante de um mundo em crescimento que demandava cada vez mais energia para... produzir. Não importa o quê, o importante é produzir. E a energia nuclear passou a ser a grande amiga. Segura, limpa, dominada pelo animal mais inteligente que vive na Terra - e que, às vezes, não sobrevive à sua própria inteligência.

No dia 11 de março de 2011, parece ter iniciado um novo ciclo de pensamentos da desmemoriada raça humana. Com os terremotos e tsunamis no Japão, a situação da usina nuclear de Fukushima colocou o mundo em estado de atenção. Governo japonês e ONU rapidamente adiantaram que não havia qualquer risco de contaminação perigosa à saúde pública, apesar das explosões dos reatores e da falta de energia elétrica no local para manter o resfriamento dos mesmos. Quatro dias após, as informações mudaram. As autoridades passaram a admitir os riscos e a tomar medidas mais severas.

Os próximos dias serão decisivos para milhares de seres humanos, animais e outras formas de vida que habitam o entorno da usina, mas especialmente para o mundo. Por mais paradoxal que pareça, a ampliação da tragédia nuclear no Japão pode adiantar essa nova visão do homus tragoedia sobre a energia nuclear. Ninguém torce para que tenhamos uma área contaminada por décadas - ruim para humanos, animais e meio ambiente como um todo. Mas vale torcer para que tenha se encerrado o ciclo da adoração à energia nuclear.

2 comentários:

  1. Mãos de Césio: 1-29 de Maio, Rio de Janeiro, Centro Cultural Laurinda Santos Lobo, Exposição Fotográfica sobre o maior acidente nuclear ocorrido no Brasil

    Mãos de Césio é uma exposição fotográfica sobre o maior acidente nuclear ocorrido no Brasil, o acidente radiológico de Goiânia, conhecido como o acidente com o césio-137. Um prédio do Instituto Goiano de Radioterapia destruído e abandonado, com um aparelho de radioterapia desativado dentro, foi a causa deste “Chernobyl do Brasil”, classificado como nível 5 na Escala Internacional de Acidentes Nucleares. Um aparelho, construído nos anos 1950 para tratar câncer, virou uma bomba radioativa, quando dois catadores de ferro velho, sem conhecimento do perigo, tiraram este aparelho com quase 20 gramas da substância radioativa césio-137. Assim, começou uma reação em cadeia que afetou e destruiu a vida de centenas de pessoas. A parte afetada do corpo mais visível foram as mãos, porque com elas foram feitos os primeiros contatos com este elemento altamente radioativo.

    Mãos de Césio mostra fotos do Acervo da Associação das Vítimas do Césio 137 de Goiânia
    (AVCésio), do Programa Memória Roberto Pires e do Centro de Pesquisa e Documentação do Jornal do Brasil (CPDoc JB). Esta exposição faz parte do 1º Festival Internacional de Filmes sobre Energia Nuclear (Urânio em Movi(e)mento),16 a 28 de maio de 2011. O Festival tem apoio da Fundação Heinrich Boell, da Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro, da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio de Janeiro - Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch, OSCIP Prima, entre outros.

    Marcia Gomes de Oliveira
    www.uraniofestival.org / email: info@uraniumfilmfestival.org

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  2. Nossa, que evento show esse. Um vídeo após o outro. Pena que não tem previsão para Minas Gerais!

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